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A British Broadcasting Corporation (BBC), uma das mais respeitadas instituições de jornalismo do mundo, foi abalada por uma crise sem precedentes neste domingo (9/11) com a renúncia simultânea de seu diretor-geral, Tim Davie, e da diretora da divisão de notícias, Deborah Turness. A decisão drástica é o estopim de uma polêmica envolvendo a edição considerada enganosa de um discurso do presidente americano, Donald Trump, em um documentário.
A controvérsia gira em torno do programa "Panorama", que exibiu o documentário "Trump: Uma Segunda Chance?" uma semana antes das eleições presidenciais de 2024 nos EUA. A produção foi acusada de manipular um discurso de Trump de 6 de janeiro de 2021, justapondo trechos ditos com quase uma hora de diferença para dar a impressão de que ele incitava diretamente seus apoiadores a atacar o Capitólio.
No documentário, Trump aparece dizendo: "Vamos caminhar até o Capitólio... e eu estarei lá com vocês. E lutaremos. Lutaremos com todas as nossas forças." Na realidade, a primeira parte ("Vamos caminhar até o Capitólio e vamos aplaudir nossos bravos senadores e congressistas") foi dita em um momento, enquanto o trecho sobre "lutar com todas as nossas forças" foi retirado de outro contexto, proferido mais de 50 minutos depois, quando o presidente discutia a suposta corrupção nas eleições.
O escândalo veio à tona após o vazamento de um memorando interno, publicado pelo jornal Telegraph, escrito por um ex-consultor de padrões editoriais da emissora, que denunciava a "distorção dos eventos" e a recusa da diretoria em admitir a violação dos padrões jornalísticos.
Em comunicados enviados aos funcionários, ambos os executivos admitiram falhas. Deborah Turness, CEO da BBC News desde 2022, foi direta: "A atual polêmica em torno do Panorama sobre o presidente Trump atingiu um ponto em que está causando danos à BBC. Como CEO da BBC News and Current Affairs, a responsabilidade final é minha".
Tim Davie, que liderava a corporação desde 2020, embora não tenha citado o documentário diretamente, afirmou que "o debate atual em torno da BBC News contribuiu, compreensivelmente, para a minha decisão". Ele acrescentou: "Foram cometidos alguns erros e, como diretor-geral, tenho de assumir a responsabilidade final."
As renúncias ocorrem em um momento crítico para a BBC, que se prepara para uma revisão de sua carta de funcionamento pelo governo britânico, documento que rege sua relação com o Estado e o público. A crise de credibilidade adiciona uma camada de complexidade a um período já delicado para a emissora, que enfrentava outras acusações de viés em sua cobertura. A BBC deve emitir um pedido formal de desculpas pelo documentário nesta segunda-feira (10/11).
O processo de sucessão já está em andamento, com o Conselho da BBC encarregado de nomear o 18º diretor-geral da história da emissora. Nomes como Charlotte Moore, ex-diretora de conteúdo da BBC, e James Harding, ex-chefe de notícias, já são cotados para assumir o desafio de restaurar a confiança na gigante da comunicação.
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