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Em uma escalada de tensão que já custou 65 vidas e 18 embarcações, o Caribe se tornou o palco de uma complexa "guerra de nervos" entre os Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, e a Venezuela de Nicolás Maduro. Com 20% da frota militar americana deslocada para a região, o governo de Washington emite sinais contraditórios sobre suas reais intenções, oscilando entre uma declarada operação antidrogas e a possibilidade de uma intervenção direta para forçar uma mudança de regime.
A ofensiva, que marca um novo capítulo na pressão americana após a tentativa frustrada de apoiar Juan Guaidó no primeiro mandato de Trump, agora conta com o endosso da líder da oposição, Maria Corina Machado. A vencedora do Nobel da Paz deste ano demonstrou confiança no desfecho do conflito durante uma conferência em Miami, afirmando categoricamente: “Maduro começou esta guerra, e o presidente Trump vai terminá-la”.
No entanto, a Casa Branca parece medir os riscos de uma ação militar que, em caso de fracasso, poderia ter um alto custo político. A estratégia atual serve para apaziguar a base eleitoral de Trump e exilados de regimes autoritários, que veem no secretário de Estado, Marco Rubio, um forte defensor da linha dura. Contudo, o apoio popular a uma invasão é baixo: uma pesquisa recente do YouGov revelou que apenas 30% dos americanos são a favor de ataques militares contra alvos venezuelanos.
A ambiguidade se aprofunda com as declarações de bastidores. Em uma reunião a portas fechadas, o secretário Rubio e o chefe do Pentágono, Pete Hegseth, garantiram a parlamentares que não há planos para ataques dentro do território venezuelano, admitindo a falta de justificativa legal para tal. Apesar disso, o Senado, de maioria republicana, rejeitou uma resolução que exigiria aprovação do Congresso para qualquer ação militar contra a Venezuela, dando a Trump maior liberdade de manobra. Horas depois, Hegseth anunciou um novo ataque a uma embarcação suspeita no Caribe.
Enquanto isso, em Caracas, Nicolás Maduro reage ao cerco. Enfraquecido internamente, o líder chavista mobilizou grupos paramilitares, intensificou a repressão contra opositores e buscou o apoio da Rússia para fazer frente à ameaça americana.
Para o analista político Benigno Alarcón, a situação atingiu um ponto crítico. Ele argumenta que o regime de Maduro, paradoxalmente, utiliza a pressão externa para reforçar a coesão interna e sobreviver. “Qualquer caminho para a resolução da crise venezuelana será inevitavelmente complexo e de alto risco, mas possível e necessário”, avalia o especialista, destacando que a manutenção do status quo se tornou a opção menos viável para o futuro do país.
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