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Em um cenário de crescente tensão militar no Caribe, a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia (UE) emitiram uma declaração conjunta neste domingo (9) rejeitando o "uso da força" na região. A declaração, assinada durante cúpula na Colômbia, representa uma crítica velada às operações dos Estados Unidos, embora não mencione o país diretamente.
A reunião ocorre em meio a uma escalada de hostilidades entre o governo de Donald Trump e nações como a Venezuela, liderada por Nicolás Maduro, e a própria anfitriã Colômbia. O pano de fundo são os ataques americanos contra embarcações no Caribe e no Pacífico, supostamente ligadas ao narcotráfico, que já resultaram em dezenas de mortes.
"Reiteramos nossa oposição ao uso ou à ameaça do uso da força e a qualquer ação que não esteja em conformidade com o direito internacional e a Carta das Nações Unidas", afirma o documento, assinado por 58 das 60 nações presentes. A vice-presidente da Comissão Europeia, Kaja Kallas, justificou a ausência de uma menção explícita a Washington como uma medida pragmática para garantir um consenso mais amplo.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, presente na cúpula, foi mais direto em seu discurso, afirmando que a região busca se manter pacífica. "A ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e do Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais", declarou Lula, ecoando a preocupação regional com a presença militar americana.
A tensão é particularmente aguda entre o presidente colombiano, Gustavo Petro, e Donald Trump. Petro classificou os ataques a embarcações como "execuções extrajudiciais", o que levou Trump a impor sanções financeiras ao líder colombiano, acusando-o de ser um "traficante de drogas ilegal".
Curiosamente, Venezuela e Nicarágua, dois dos maiores alvos da política externa americana na região, não assinaram a declaração. Segundo Kallas, o ponto de discórdia foi a inclusão de um trecho que condena a "guerra em curso contra a Ucrânia", demonstrando as complexas alianças geopolíticas em jogo.
O documento final também abordou outros conflitos globais, fazendo referência à campanha militar israelense em Gaza e mencionando a necessidade de uma solução de dois Estados. A cúpula, que se encerra nesta segunda-feira (10), contou com a presença de apenas nove chefes de Estado ou de Governo, incluindo o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa.
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