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LA PAZ - Em uma cerimônia marcada por uma chuva torrencial e forte esquema de segurança, o centro-direitista Rodrigo Paz tomou posse como presidente da Bolívia neste sábado (8), encerrando um ciclo de 20 anos de governos de esquerda e herdando a pior crise econômica do país em quatro décadas.
Filho do ex-presidente Jaime Paz (1989-1993), Paz, de 58 anos, eleito pelo Partido Democrata Cristão, fez seu juramento no palácio legislativo em La Paz perante deputados e delegações internacionais. "Deus, família e pátria: Sim, juro!", declarou o novo presidente, ao lado de seu vice, Edmand Lara, um ex-oficial da polícia.
O novo governo assume um país com as finanças em estado crítico, marcado pela escassez de dólares e combustíveis. A gestão anterior, de Luis Arce, esgotou as reservas cambiais para manter uma política de subsídios universais à gasolina, resultando em uma inflação anual de 19% em outubro e longas filas nos postos de serviço.
Para reverter o cenário, Paz prometeu uma mudança drástica na política econômica. Seu plano inclui um programa de "capitalismo para todos", com o corte de mais da metade dos subsídios aos combustíveis, a formalização da economia, a redução de impostos e a eliminação de entraves burocráticos para incentivar o investimento.
A transição de poder simboliza o fim da era do Movimento ao Socialismo (MAS), iniciada por Evo Morales em 2006. O período, que começou com a bonança da nacionalização do gás, terminou com o esgotamento do recurso e uma profunda crise. A própria esquerda chegou dividida à eleição, com um racha entre Morales e seu sucessor e agora desafeto, Luis Arce. Fora da disputa, Morales chegou a pregar o voto nulo, afirmando que os candidatos não representavam "o movimento popular".
No cenário internacional, Paz sinalizou um tom pragmático. Apesar das diferenças ideológicas com o governo brasileiro de Lula, ele afirmou durante a campanha que "o Brasil é nosso principal parceiro estratégico". O novo presidente pretende fortalecer os laços, manter a Bolívia no Mercosul e no Brics, e buscar cooperação em projetos de infraestrutura conjunta.
A posse foi acompanhada por mais de 50 delegações estrangeiras, incluindo os presidentes Gabriel Boric (Chile), Javier Milei (Argentina) e Yamandú Orsi (Uruguai), sinalizando a atenção da região para os novos rumos da Bolívia.
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