[Banner AdSense - Posição A]
Uma onda de dezenas de milhares de civis desesperados está fugindo da cidade de El Fasher, no Sudão, em direção a campos de refugiados superlotados e precários, após a captura da cidade pelo grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) e relatos de um massacre brutal que deixou centenas de mortos.
A tomada de El Fasher em 26 de outubro, a última grande cidade na região de Darfur que não estava sob controle dos rebeldes, marcou uma escalada significativa na guerra civil que assola o país desde abril de 2023. A situação se tornou ainda mais sombria com denúncias de que, em 30 de outubro, as forças da RSF teriam matado mais de 460 civis em um único hospital da cidade. Embora o grupo paramilitar negue a autoria do ataque, depoimentos de sobreviventes e vídeos que circulam nas redes sociais pintam um cenário de horror.
O Conselho de Segurança da ONU condenou o ataque, alertando para "o aumento do risco de atrocidades de grande escala, incluindo as de motivação étnica". O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, expressou grave preocupação com os civis que permanecem na cidade, afirmando temer a continuação de "atrocidades abomináveis, como execuções sumárias, estupros e violência motivada por etnia".
Diante do terror, um êxodo massivo está em andamento. Estima-se que 82 mil pessoas já fugiram de El Fasher. A maioria busca refúgio nos campos de Tawila, a cerca de 70 quilômetros de distância. No entanto, o local não oferece alívio, com infraestrutura inadequada e tendas improvisadas com lonas e lençóis. Organizações humanitárias no terreno relatam uma crise crescente. A Médicos Sem Fronteiras alertou para "níveis extremamente altos de desnutrição entre crianças e adultos", enquanto hospitais locais estão sobrecarregados com feridos da fuga, muitos com fraturas graves.
A guerra entre a RSF e o exército sudanês já deslocou cerca de 12 milhões de pessoas e deixou quase metade da população do país em estado de grave insegurança alimentar. O conflito, que se iniciou após tensões sobre a integração das forças no exército nacional, agora se expande para outras regiões, como Kordofan, onde um recente ataque de drone matou pelo menos 40 pessoas.
Enquanto propostas para uma trégua humanitária enfrentam impasses, com o exército exigindo a retirada da RSF de áreas civis, analistas apontam para a crescente capacidade militar do grupo paramilitar, que ameaça levar a violência a áreas do país que até então estavam relativamente calmas. Para os civis presos no fogo cruzado, o futuro permanece incerto e perigoso.
Comentários