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A Justiça do Maranhão determinou o afastamento imediato do prefeito de Anajatuba, Sydnei Pereira (PCdoB), em uma decisão que expõe um complexo esquema de suspeitas de desvio de dinheiro público. A medida, assinada pelo juiz Bruno Chaves de Oliveira, visa impedir que o gestor, nos últimos dias de seu mandato, possa destruir provas cruciais para as investigações federais em andamento.
Sydnei Pereira é alvo de múltiplos processos que apuram irregularidades graves em sua administração. Na decisão, o juiz aponta para "evidências de simulação, favorecimento e até mesmo a falta de formalidade legal em contratos da prefeitura". A base para a acusação é robusta, incluindo um relatório da Controladoria Geral da União (CGU) que lista uma série de práticas ilícitas, como superfaturamento de itens, pesquisa de preços fictícia, contratação de empresas sem qualificação e abastecimento irregular da frota municipal.
Entre as irregularidades mais gritantes detalhadas pela CGU estão o abastecimento de motocicletas com combustível acima da capacidade do tanque, a utilização de postos não contratados e a locação simulada de veículos. O relatório menciona um caso em que, embora 24 veículos estivessem supostamente contratados para transporte de pacientes, apenas uma van realizava o serviço.
O magistrado justificou o afastamento pelo "risco sério e concreto" de que Sydnei Pereira e sua equipe pudessem eliminar documentos dos arquivos públicos, comprometendo o trabalho da justiça.
**Uma Reviravolta Política Irônica**
A situação em Anajatuba ganha contornos de um roteiro político complexo. Em 2015, Sydnei Pereira, então vice-prefeito, foi o responsável por denunciar por corrupção o prefeito da época, Helder Aragão. As denúncias levaram ao afastamento de Aragão, e Pereira assumiu o comando do município, sendo reeleito em 2016.
Agora, Pereira enfrenta acusações semelhantes às que ele mesmo fez, vindas até de aliados, como o vereador Lauro Sousa, de seu próprio partido, que protocolou oito representações contra o prefeito. Em uma reviravolta completa, Helder Aragão venceu as eleições de 2020 e está prestes a reassumir a prefeitura em janeiro de 2021.
**Contratos Milionários Sob Investigação**
As investigações revelam contratos suspeitos que contrastam com o sucateamento dos serviços públicos. Enquanto a prefeitura fechou 21 escolas e cortou o transporte escolar em povoados, milhões eram gastos em licitações questionáveis.
Um dos casos envolve a malharia 'Maria dos Milagres', que recebeu R$ 410 mil entre 2016 e 2017 para fornecer artigos esportivos e brinquedos que, segundo relatos, nunca chegaram à população. O principal campo de futebol da cidade, por exemplo, permanecia coberto de mato e sem traves.
Outro foco da investigação é a autopeças Brunopel, que faturou R$ 8,4 milhões em 2017 com a venda de peças e locação de veículos. Ao mesmo tempo, órgãos como o Conselho Tutelar se queixavam da falta de carros para trabalhar. A empresa tem como sócia a ex-mulher de um doador de campanha de Sydnei Pereira, cujo tio também ocupava o cargo de secretário de administração.
O prefeito negou as acusações, afirmando que não pagou os R$ 8,4 milhões à Brunopel, apesar de o valor constar como pago na prestação de contas do município junto ao Tribunal de Contas do Estado (TCE). Um procurador do TCE, no entanto, confirmou que, segundo os registros, o pagamento foi efetivamente realizado.
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