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CARACAS – Diante da crescente tensão com os Estados Unidos, o governo de Nicolás Maduro está elaborando uma estratégia de defesa assimétrica, apostando em táticas de guerrilha e na criação do "caos" para resistir a um eventual ataque militar americano. A revelação, baseada em documentos internos do governo venezuelano e fontes próximas ao regime, foi divulgada pela agência de notícias Reuters e expõe um reconhecimento da profunda inferioridade militar do país em um confronto convencional.
Os planos detalham a dispersão estratégica de um arsenal militar obsoleto, incluindo equipamentos russos com décadas de uso, por todo o território. As unidades do Exército receberam instruções para se esconderem e operarem em pequenos grupos em caso de invasão. "Não duraríamos duas horas em uma guerra convencional", admitiu uma fonte do governo à Reuters, sintetizando a precariedade das Forças Armadas.
A preparação ocorre em um cenário de alerta máximo, impulsionado pela forte presença militar americana no Caribe e pelas declarações do presidente Donald Trump, que já sugeriu a possibilidade de operações terrestres e afirmou que "os dias de Maduro na presidência da Venezuela estão contados". O governo americano acusa Maduro de liderar o chamado "Cartel de Los Soles", utilizando a guerra às drogas como possível justificativa para uma intervenção.
Em resposta, o regime venezuelano delineou duas frentes de atuação. A primeira, chamada de "resistência prolongada", seria uma defesa no estilo guerrilheiro. Envolveria cerca de 60 mil militares em mais de 280 locais, focados em sabotagem e ataques de pequena escala para desgastar uma força de ocupação.
A segunda estratégia, mais sigilosa e denominada "anarquização", visa tornar o país ingovernável. O plano mobilizaria entre 5 a 7 mil pessoas, incluindo agentes de inteligência e apoiadores armados do partido governista, para instaurar a desordem nas ruas, principalmente em Caracas, dificultando o controle por forças estrangeiras.
Contudo, por trás da retórica oficial de resistência e patriotismo, a realidade das forças armadas venezuelanas é crítica. Fontes com conhecimento da situação militar descrevem um exército debilitado pela falta de treinamento, salários baixos, deserções e equipamentos deteriorados. A situação é tão grave que alguns comandantes foram forçados a negociar diretamente com produtores locais para garantir a alimentação de suas tropas, já que os suprimentos oficiais são insuficientes.
Apesar das declarações públicas desafiadoras de líderes como Diosdado Cabello e do próprio Maduro, que exalta os "soldados da pátria", os planos de resistência são vistos internamente como uma medida desesperada, com poucas chances de sucesso. A estratégia de Maduro, segundo analistas, reflete a aposta de que um conflito prolongado e caótico poderia ter um custo político e humano alto demais para Washington, forçando uma eventual retirada.
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