Crise no Sudão: 'Rota da Morte' para Sobreviventes Revela Execuções, Estupros e Colapso Humanitário
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Crise no Sudão: 'Rota da Morte' para Sobreviventes Revela Execuções, Estupros e Colapso Humanitário

Por Redação
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A tomada da cidade de El Fasher, no oeste do Sudão, pelas Forças de Apoio Rápido (RSF) em 26 de outubro de 2025, mergulhou a região em uma espiral de violência sem precedentes, resultando em um colapso humanitário que o Tribunal Penal Internacional já alerta poder configurar crimes de guerra. Desde o ataque, estima-se que 3 mil pessoas tenham morrido, das quais 2 mil seriam civis. Para os que tentam escapar do terror, o caminho se tornou um novo pesadelo. A estrada de 70 quilômetros entre El Fasher e a cidade de Tawila, para onde mais de 25 mil pessoas já fugiram, foi apelidada de 'rota da morte'. Relatos de sobreviventes descrevem um cenário de barbárie contínua. “São testemunhos de violência sexual indescritível, de homens executados diante de suas famílias, de crianças que viram os pais serem mortos. O trauma é profundo”, relatou Rodrigue Alitanou, diretor de operações da organização humanitária Alima. Segundo ele, os civis que fogem a pé são frequentemente assaltados, ameaçados e perseguidos por grupos armados, que confiscam os poucos meios de transporte disponíveis, como carroças e animais. A chegada a Tawila, no entanto, não significa o fim do sofrimento. O local, que já abrigava centenas de milhares de deslocados, agora concentra cerca de 700 mil pessoas em condições precárias. A superlotação em acampamentos improvisados, a falta de saneamento básico e a escassez de recursos levaram ao ressurgimento de epidemias, como a cólera. “A infraestrutura de saúde está em colapso. Nossos profissionais estão exaustos, sobrecarregados. Precisamos de medicamentos, equipamentos e mais organizações atuando aqui”, afirma Alitanou, cuja entidade é uma das poucas que ainda operam na região. O horror da situação é amplificado por provas documentais chocantes. Uma investigação conjunta do Sudan War Monitor e da Universidade de Yale revelou dezenas de vídeos e imagens, muitas vezes publicados pelos próprios paramilitares nas redes sociais. Em um registro, combatentes caminham entre corpos no Hospital Maternidade Saudita e executam a sangue frio um paciente que ainda se movia. Em outro, uma paramilitar incita combatentes a violentar mulheres civis. Há também imagens de cidadãos ajoelhados, como o professor universitário Dr. Abbas, implorando por suas vidas enquanto seus captores exigem resgates. Diante da catástrofe, uma trégua humanitária foi proposta e aceita pela RSF, mas a desconfiança entre a população e as organizações de ajuda é grande. O apelo é urgente por uma intervenção robusta da comunidade internacional. “As pessoas não aguentam mais. Precisamos de pressão por uma paz efetiva. Não podemos reviver os horrores de Geneina, Wad Madani ou El Fasher”, conclui Alitanou. Sem um compromisso real com a paz e um reforço humanitário massivo, o Sudão corre o risco de se aprofundar ainda mais em uma crise que já ultrapassou todos os limites da resistência humana.
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