A Aliança Estratégica entre Ex-AGUs
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, entrou em campo para apoiar a indicação de Jorge Messias, atual Advogado-Geral da União (AGU), à vaga deixada por Rosa Weber na Corte. Segundo informações de bastidores, Mendonça prometeu a Messias que irá conversar pessoalmente com senadores para ajudar a garantir os votos necessários para sua aprovação na sabatina.
A conexão entre os dois não é mera coincidência. Assim como Messias, Mendonça também chefiou a AGU e é declaradamente evangélico, um perfil que o ajudou em sua própria indicação ao STF durante o governo de Jair Bolsonaro. Essa semelhança cria uma ponte natural e fortalece a articulação política em favor do indicado do presidente Lula.
O Fator Evangélico e a Memória da Sabatina
O apoio de André Mendonça é visto como crucial, especialmente para mobilizar a bancada evangélica no Senado, um grupo com poder de influência significativo. Messias, que também se encaixa no perfil "terrivelmente evangélico" outrora desejado por Bolsonaro para a Corte, pode se beneficiar da experiência de seu futuro colega. A sabatina de Mendonça em 2021 foi uma das mais longas e tensas da história recente, e o ministro agora utiliza seu trânsito político para pavimentar um caminho mais suave para seu sucessor na AGU.
O gesto de Mendonça sinaliza uma tentativa de construir pontes e garantir que o perfil religioso continue representado no mais alto tribunal do país, independentemente das diferenças partidárias entre os presidentes que os indicaram.
Como Funciona a Aprovação no Senado?
Para que Jorge Messias se torne ministro do STF, ele precisa passar por um rigoroso processo no Senado Federal. A jornada envolve os seguintes passos:
- Sabatina na CCJ: Primeiro, ele será questionado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde precisa da maioria simples dos votos dos membros presentes para ser aprovado.
- Votação no Plenário: Após a aprovação na CCJ, seu nome vai para o plenário do Senado. Nesta etapa, a votação é secreta e ele necessita do apoio de, no mínimo, 41 dos 81 senadores.
É justamente nessa articulação para conseguir os 41 votos que o apoio de figuras como André Mendonça se torna um diferencial estratégico, abrindo portas e dialogando com senadores indecisos ou da oposição.
Reações no Cenário Político
A notícia da articulação de Mendonça gerou diversas reações em Brasília. Para aliados do governo, o movimento é visto como um gesto de institucionalidade e maturidade política, mostrando que as indicações para o STF podem transcender as disputas partidárias. A percepção é que o apoio de um ministro indicado por Bolsonaro legitima a escolha de Lula e aumenta consideravelmente as chances de aprovação de Messias.
Por outro lado, setores da oposição mais radical veem a aliança com desconfiança. No entanto, o perfil técnico e a boa relação de Messias com o Congresso, somados ao poderoso apoio de Mendonça, criam um cenário amplamente favorável para o atual AGU, que caminha para ter sua nomeação confirmada nas próximas semanas.
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